domingo, 20 de novembro de 2011

Crise leva mais estrangeiros a tentar a sorte no Brasil


Elza Fiúza/ABr


A crise econômica internacional está crivada de ironias, além da ironia maior de ex-botes salva-vidas terem de lidar com o nariz empinado de ex-afogados.
O Brasil lidar com outro aspecto inusitado da encrenca: entrou na rota de imigração da mão de obra.

Cresce a passos de gigante o número de estrangeiros que enxergam essa terra de palmeiras e sabiás como âncora.
O repórter Pablo Pereira trouxe à luz dados que ajudam a dimensionar o fenômeno. Por exemplo:
O Ministério da Justiça informa que aumentou em 52,5% o número de estrangeiros que buscam autorização para tentar a sorte no Brasil.
Durante todo o ano de 2010, expediram-se 961 autorizações. Nos primeiros seis meses de 2011, 1,466 milhão.
Sobe também a quantidade de estrangeiros que reivindicam a nacionalidade brasileira. Em 2008, somavam 1.119. Em 2010, 2.116.
Destrinchando-se os dados, chega-se à origem dos forasteiros que enxergam o Brasil como uma âncora.
São, sobretudo, portugueses, bolivianos, chineses e paraguaios –nessa ordem. Os pósteros de Pedro Álvares Cabral parecem decididos a redescobrir a ex-colônia.
Entre janeiro e junho de 2011, foram regularizados os passaportes de 328.826 portugueses. No mesmo período do ano passado, foram 276.703.
O secretário nacional de Justiça, Paulo Abrão (na foto lá do alto), atribui o fenômeno à combinação da crise externa com a boa quadra vivida pela economia brasileira.
Acha, de resto, que o movimento é tonificado pelo fato de o Brasil ter sido escolhido para sediar mega-eventos como a Copa-2014 e as Olimpíadas-2016.
"Do ponto de vista político, o Brasil adquiriu maior visibilidade internacional e teremos também importantes eventos nos próximos anos", diz Abrão.
A conversão do Brasil em “Eldorado” coincide com o encurtamento dos horizontes do mercado de trabalho nacional.
Nesta sexta (18), o quase-ex-ministro Carlos Lupi (Trabalho) reajustou para baixo, pela segunda vez, a meta de geração de empregos para 2011.
No início do ano, a pasta do trabalho previa que seriam criadas 3 milhões de novas vagas. Hoje, fala em menos de 2,4 milhões.
Torça-se para que os portugueses não sofram aqui as perseguições que imigrantes brasileiros –sobretudo destistas— sofreram em Portugal.

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